segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Jewelry.

Acredito ver a vida de forma duvidosa. Buscando ângulos seguros onde eu possa retirar minhas raízes de dentro de mim mesmo, e fixar no mundo. Em algum lugar, em alguma pessoa, tocar algo que de sentido e mostre seu valor. A cada momento cruzamos com uma pessoa, sem nem ao menos saber uma parte da história desse indivíduo, sem saber por onde ele andou e pelo que passou. Esses pequenos mistérios pessoais são desvendados com o tempo, tempo que muitas vezes não chega a ser o suficiente, mas acredito que nunca será. Sempre existirá um sentimento estranho quando vemos uma pessoa que estava nesse nosso processo de descoberta dizer que a caça ao tesouro terá que ser interrompida. O sentimento pode ser comparado ao de um garimpeiro buscando por pedras preciosas. Sempre com o sentimento, ao fim do dia, que poderia ter garimpado mais, poderia ter descoberto mais pedras preciosas, poderia ter visto o brilho mais puro e forte. Pessoas partem muitas vezes entregando a ponta de um iceberg de riqueza. Um desperdício confesso, não por pura ganância, algumas pessoas buscam apenas o calor desse brilho, saber que está ali para quando quiser ser ofuscado por sua luz, se sentir quente e vivo sendo tocado pelo outro. Fazer com que a pessoa sinta que possa criar uma explosão quando começar a conhecer o seu próprio brilho também, esse brilho próprio que nem sempre permitimos ser mostrado. Isso talvez seja um pouco de egoísmo, já que por anos ele fica brilhando em um vácuo de escuridão que somente você mesmo tem acesso. Como se estivesse mergulhando no mais profundo oceano e encontrasse esse ponto de luz, trazendo um momento em que você e o seu brilho são o mundo, e ficassem boiando na imensidão apenas se encarando, sem dizer uma palavra. Sentindo o choque entre o frio e o calor existente se propagando para as extremidades mais remotas do seu sentir. Pessoas são complicadas, não se pode pedir para que elas estejam sempre ao seu lado. Pessoas muitas vezes são forçadas a abandonar tudo em busca do que é melhor para elas próprias. Pessoas são como estrelas, brilhando solitárias, sempre escondendo seus próprios mistérios, nunca deixando seu brilho ser visto de perto, sempre se fazendo mostrar, mas não se deixando conhecer, sempre nos esquentando com sua presença, e roubando uma parte do nosso calor quando precisam brilhar em outro lugar.

*Dedicado a Tati. Uma das mais preciosas jóias que já garimpei.