terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Insônia.

Meus sentidos não conseguem se auto desligarem. Sinto um zumbido em minha cabeça que insiste em denunciar um funcionamento não autorizado, como se precisasse mostrar que tudo está sob controle, em não ter o controle. As tábuas rangem assustadoramente em um mar tão silencioso quanto inquieto. Os barulhos naturais são ouvidos apenas de longe, mas perto o suficiente para que sua existência seja comprovada. Aqui, o silêncio é apenas uma mera fachada para esconder tudo o que insiste em permanecer acordado. Tal fachada coloca em duvida a existência de tal corpo, já que nesse curto período de tempo, tudo o que o mundo pede é que não exista, que vire apenas uma lembrança vaga que será despertada em algumas horas. Porem, o corpo se nega em ser esquecido, por algum motivo ainda desconhecido, e permanece em silêncio para não ser descoberto, onde tudo o que pode fazer é observar os outros corpos em semelhante esquecimento, mas a diferença está quando esses corpos são percebidos, mesmo não se dando conta disso. Onde suas defesas estão ausentes por imaginarem que todo corpo compartilhará do mesmo estado. Os ruídos começam a aparecer lentamente, assim como o azul começa a se diluir, dando espaço a um azul cada vez menos denso, menos morto. As defesas começam a voltar a seus lugares, como que evocadas pelo barulho exterior, em uma espécie de aviso pré-estabelecido, mas esse corpo está em desordem com o seu redor. Prefere baixar a guarda quando todos estão armados novamente, como que implorasse para ser pego desprevenido, precisando então lutar para a sua própria sobrevivência evocando seus instintos. O barulho está em um volume incomodo, a luz começa e entrar pelos vãos lentamente. Não pede licença, entra e só. Então o corpo se prepara procurando um posição confortável onde se sinta protegido, já que está na hora de perder a consciência, desejando que a recobre na mesma posição em algumas horas depois, intocado.