sábado, 29 de maio de 2010

Distante.

Eu ouvia uma risada distante, logo eu ouvia várias risadas ao fundo. Pessoas passavam em minha frente, todas em câmera lenta, e me olhavam, murmuravam algumas palavras. Não sabia dizer que estado era aquele, mas eu me sentia bem. Vozes cantavam, músicas que eu conhecia e que ainda quero conhecer. Tudo era uma explosão humana. Emoções e ações humanas estavam espirrando nas paredes daquela sala antiga. Havia um jogo e várias pessoas para jogar. Eu não quis jogar, fiz o meu papel de observar as jogadas e estratégias, como se tudo fosse um torneio, em que quem ganhasse estaria honrando alguma coisa, talvez não. Senti a aproximação das pessoas, não sabia dizer se era uma aproximação espontânea ou induzida. Ao mesmo tempo que eu queria elas perto, eu queria que elas me deixassem sozinho, para continuar pensando sem ter que parar. No final, a única coisa que me restou, foi a dúvida de como o dia amanheceria.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Frio, enfim.

Minhas mãos tão geladas como de costume, sentem um vento que indescritivelmente chega a ser mais gélido que elas. Pergunto-me porque faço tantas perguntas quando está frio. Não entendo o motivo de tanta curiosidade. Acho que o frio me traz a superfície como tanto tento me esconder nos verões que eu já vivi. Uma hora e pouco de frio é o que me basta para entrar em outro estado de espírito, estado que não sei de onde vem, e se tem um lugar fixo em mim. Apenas vem. Talvez seja meu estado de maior consciência, de quanto sou inconsciente quando não está frio. Nesse momento me deu vontade de ir embora para algum lugar bem frio. Onde o sol apareça apenas as vezes pra lembrar que ainda tenho inconsciência quando estiver disposto. Não sei se quero estar disposto. Peço por neve agora, ficar deitado nela sentindo todos os meus músculos enrijecerem lentamente de um frio que vai consumindo minha inconsciência. Ah como eu quero isso. Um sol fraco aparecendo por detrás de algumas árvores, sem me atingir completamente. Apenas se mostrando que está ali. E eu penso que posso tê-lo quando quiser, o que eu preciso é apenas me levantar, e ir em direção as árvores. Poderia subir em alguma delas, pra tentar obter um pouco de equilíbrio entre minha consciência, e o que eu estiver vivendo através dos dias. Acho que eu subiria. Tenho história com quedas, físicas ou não. Eu mesmo poderia pular. Pular na neve lá em baixo, me esperando, me chamando, mas tão fria. Acho que nesse momento eu preciso apenas deitar em algum galho, e esperar o sol ir embora, espontaneamente ou sem opção. O frio chegou.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Estática.

Inconstante, é disso que a vida se trata. Não consigo entender o motivo porque está tudo tão constante. Não é disso que a vida se trata. As luzes não estão piscando, embora eu deseje que elas pisquem de maneira intensa e melancólica. Sempre há um pouco de melancolia na intensidade, melancolia futura, presente ou passada, mas há. Não posso pensar que é uma melancolia em que apenas existe e não se faz existir. Não quero pensar que seja isso, porque no fundo eu sei que uma completa a outra. Como a estática da tv que ilumina o quarto. Por mais intenso que isso seja também é melancólico. E eu gosto disso, um sentimento de escuro, como se eu soubesse que lá no fundo, tudo está intenso, e aqui fora, melancólico. Uma hora ambos iram se encontrar, e as imagens irão se formar na tv, mas já as cores, isso é outro assunto.