quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Room.

Um dia a sala foi arrumada, sem pó, com todos os retratos devidamente organizados e sorridentes. Hoje, a sala está estranha. Não digo que esteja suja, essa não é uma sala suja, não tanto, como tantas por aí. Hoje é uma sala desorganizada, com todos os objetos e sorrisos trocados. Paro, sento no tapete, que em uma vida anterior, ao que parece, costumava ser um paraíso estampado. Hoje ele está áspero, como a sala, que a tanto, foi polida e macia. Não consigo levantar, não tenho forças para começar a arrumar e devolver os sorrisos aos respectivos retratos. Tudo está difícil hoje, a sala está falando por ela mesma, ela não quer ser arrumada, agora tudo está cômodo. Deito ao tapete, até ficar completamente esticado, o dia vai anoitecendo, ouço uma cantiga indígena. A sala já perdeu a chance de viver o seu dia, agora ela só precisa esperar a escuridão da noite passar, para que novos raios de luz entrem pela janela e tragam uma nova esperança de finalmente ela encontrar os respectivos retratos, e assim os sorrisos finalmente poderão descansar.

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