terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Reconexão.

O ar estava parado. O relógio anunciava quatro horas da manhã. A luz estava apagada, e dentro do quarto as questões subiam como vapores quentes, como o calor subindo de um asfalto em brasa. Não era possível saber o que causará essa inquietação naquela noite em particular. Era como uma noite do passado, aliás, era como se o passado surgisse pelas frestas da janela, querendo entender porque ele fora esquecido. Não havia uma resposta satisfatória para isso. O passado foi sendo esquecido conforme o pensamento direcionava-se para frente, o lugar onde mora o pior inimigo do passado. No ar abafado pairava um misto de melancolia e desapontamento, ambos incomodaram agora de forma diferente. Era como uma conexão perdida, que a tanto não era ativada. A questão era se esse ligamento poderia ser refeito, se as estruturas suportariam o efeito do tempo, ou se seria apenas uma lembrança quando as noites quentes tinham outro significado, outro gosto. Talvez a culpa esteja no espelho, ou na eficiência falha do mesmo. Ou até mesmo a questão não seja sobre culpa, não podemos culpar o tempo por estar correndo, esse é o sentido de ele existir. Agora o desejo de pedir ao relógio que adote o sentido anti-horário está fraco. Não tenho certeza se isso é uma coisa positiva, sempre se teve a certeza de que não, agora essa é mais uma das questões que sobem lentamente em vapor até o teto, para se juntar com outras questões que ainda não me dei conta de já estarem lá, me esperando.

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