domingo, 13 de junho de 2010
Glass.
Percebo que isto está se tornando frequente. Sinto a mesma coisa cada semana. Será isso que chamam de viver e abandonar uma vida? Não tenho certeza do que achar, nesses momentos apenas sinto, sinto com força. Percebo um aceno do outro lado do vidro. É um aceno para ninguém, de uma pessoa que achamos ser ninguém. Independente do nosso próprio conceito, o aceno foi feito e posso garantir que teve efeito sobre mim. O aceno não foi pra mim, aos olhos dele eu também sou ninguém. Isso me assusta como deve assustar cada ser humano. Não gostamos de ser ninguém, não permitimos isso. Precisamos da atenção, essa que eu recebo toda semana e que me faz falta quando percebo que chegou a hora de acenar. Agora eu entendo, esse sentimento é a atenção. Preciso dela para sobreviver, preciso dá-la para que outros sobrevivam. Desse lado do vidro está meio deserto, pelo menos mais deserto que de costume. Várias atenções juntas, duas me chamam. Preciso delas. A outra eu apenas sinto. Sinto o cheiro, e nesse momento isto basta.
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